domingo, 5 de março de 2017

As pessoas são o ativo mais importante de uma empresa. Não.

Quando lemos a frase "As pessoas são o ativo mais importante das empresas" é fácil vir à mente vários clichês que nos enjoam com sua obsolescência. Desta forma o texto inicia com esse comentário para blindar a expectativa na leitura, pois o alvo não é parafrasear o que já sabemos.

Nas últimas décadas o meio empresarial passou por diversas transformações, impulsionadas tanto pelas necessidades humanas básicas quanto por líderes geniais, mas o que permanece sólido é o desafio de executar uma grande visão nas organizações com a pluralidade dos colaboradores.
Com Taylor, administração científica no ano de 1911, aprendemos que os trabalhadores são preguiçosos e que precisam ser controlados e, em contraponto, hoje em 2017, vemos o uber, as inovadoras startups, que nos dizem o contrário, pois basta ter aqueles que se interessam. Se fizermos um recorte pra trás, voltando no tempo, ou um recorte pra frente, olhando pro futuro, veremos que o grande "x" da questão está nas pessoas certas e erradas para realizar determinadas atividades.

É possível notar que o sucesso das empresas está atrelada a capacidade de ter pessoas que compartilham da mesma visão que organização e que querem fazer de maneira excelente. Desta maneira antes de navegar por mares revoltos, é importante que o barco esteja com os marinheiros certos, pois não é fácil a substituição de um marinheiro em alto mar.

De acordo com pesquisa realizada pela equipe de Jim Collins registrada no livro "Empresas feitas para vencer", o momento em que empresas que foram consideradas excelentes deixaram de apenas serem boas, foi quando o maior peso na seleção do time estava nos atributos de caráter do que no peso do diploma e da experiência, por exemplo. As empresas analisadas como excelente acreditavam que as dimensões de caráter, ética e talento eram mais importantes, pois o "como fazer" e a "utilização de ferramentas" poderia ser ensinado, mas não é possível ensinar uma pessoa a ser brilhante.

Com base no que está escrito vamos "comprar um machado" e fazer a maior revolução nos times das empresas com demissões ou atos semelhantes? Absolutamente NÃO. Um outro dado muito interessante na pesquisa registrada no livro "Empresas feitas para vencer" foi que o menor índice de demissões em massa e rotatividades estavam presentes nestas organizações, ou seja, o conceito de "primeiro quem e depois o que" se torna eficaz na linha do tempo.

Por fim, é possível pensar que o ambiente dessas empresas sejam rígidos, pois se o empregado não possuir os atributos desejados dificilmente durará muito tempo na empresa. Na verdade realmente são locais rígidos, contudo é importante entender e distinguir o conceito de ser rigoroso e implacável. Quando uma empresa é implacável, vemos cortes e desligamentos irresponsáveis, especialmente nos momentos difíceis, sem qualquer ponderação. Em contraponto, quando há rigor, há mecanismos e padrões, inclusive para reposicionar o empregado, para aquela atribuição que possa extrair o seu potencial. Outra qualidade do rigor é a justiça do efeito da transição na equipe, pois semelhante a uma equipe de alta performance, só faz parte da equipe aqueles com capacidade de elevar a média do todo. Um executivo de uma empresa considerada excelente na pesquisa do livro citado neste texto disse: "A única forma de atender às pessoas que estão dando resultados é não sobrecarregar-las com as pessoas que não estão dando resultados."

Sucesso a nós lideres e funcionários.